ADAMO BAZANI – CBN
“Ônibus é coisa para pobre e pessoas que não tiveram condições de se instruir”. A frase não passa de um estereótipo difundido ou por falta de conhecimento ou mesmo por interesses em ainda manter a falsa imagem de status do transporte individual, que fada as cidades ao fracasso. A ideia é desmentida por uma pesquisa inédita realizada pela SPTrans – São Paulo Transportes, entre o ano passado e o início deste ano.
Assim como faz o Metrô de São Paulo, a SPTrans quis saber o perfil dos passageiros dos ônibus da Capital Paulista e os dados serviram para quebrar falsas imagens.
ESCOLARIDADE:
De acordo com o levantamento, 69,3% das pessoas que usam ônibus em São Paulo possuem ensino médio ou superior, sendo que 13,3% têm ensino superior completo e 56% estão ainda cursando o ensino superior ou possuem o ensino médio completo ou técnico.
– ENSINO MÉDIO / ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO: 56%
– FUNDAMENTAL 2 / ENSINO MÉDIO INCOMPLETO: 16,5%
– FUNDAMENTAL 1 / FUNDAMENTAL 2 INCOMPLETO: 10,3%
– ANALFABETO / ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO: 2,3%
– NÃO INFORMOU: 1,6%
CLASSE SOCIAL:
Os passageiros que formam as faixas das classes B e C respondem por 86,5% da demanda dos ônibus de São Paulo e os integrantes das faixas da classe A são 4,5%
– CLASSE A 1: 0,5%
– CLASSE A 2: 4%
– CLASSE B 1: 12%
– CLASSE B 2: 28,4%
– CLASSE C 1: 31,4%
– CLASSE C 2: 14,7%
– CLASSE D: 5%
– CLASSE E: 0,4%
IDADE:
Os adultos jovens representam a maior parte dos passageiros dos ônibus de São Paulo, de acordo com os dados da SPTrans. As faixas entre 26 e 35 anos e entre 36 e 44 anos correspondem a 48,6% da demanda de usuários.
– DE 16 A 25 ANOS: 33,5%
– DE 26 A 35 ANOS: 29,5%
– DE 36 a 44 ANOS: 19,1%
– DE 45 a 59 ANOS: 15,8%
– DE 60 A 64 ANOS: 0,9%
– ACIMA DE 64 ANOS: 1,2%
SEXO:
Em relação ao gênero, a demanda está relativamente equilibrada:
HOMENS: 55%
MULHERES: 45%
CONSIDERAÇÕES:
As idades e níveis de escolaridade revelam que a maioria dos deslocamentos nos ônibus, mais de 65%, se dá por causa de trabalho e cerca de 30% para os estudos, muitas vezes os mesmos passageiros realizando deslocamentos para os dois fins. Os deslocamentos para fins de lazer são minoria, o que mostra a queda de demanda e do nível de confiabilidade nos ônibus aos finais de semana e feriados, pela diminuição da frota.
O baixo número de idosos não mostra apenas que eles deixam de usar ônibus porque grande parte está afastada do trabalho. Contam também fatores como a necessidade de melhor atendimento a este público, com motoristas com preparo e educação, e também com ruas, calçadas e terminais que ofereçam acesso mais fácil aos ônibus.
Os níveis de escolaridade e de renda mostram que, além do crescimento dos ganhos da população, pessoas que em épocas anteriores pouco seriam vistas nos transportes públicos, agora se dispõe a usar os ônibus que, em corredores, acabam sendo mais vantajosos que o transporte individual em muitos casos.
Segundo especialistas, se os transportes por ônibus fossem melhores e tivessem prioridade em corredores eficientes, do tipo BRT – Bus Rapid Transit, o número de pessoas com mais renda e escolaridade nos ônibus seria maior, como ainda ocorre com o TransMilênio, na Colômbia, e em parte do sistema de Curitiba.
Assim, melhorar o transporte público é democratizar o uso do espaço urbano e até mesmo integrar pessoas que vivem realidades diferentes.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes